sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

As Idéias Pedagógicas de Marx e Lênin




As idéias pedagógicas de Marx e Lênin


Antonia Giovanna dos Santos Barbosa



Resumo


Este artigo apresenta as idéias de Marx e Lênin. Marx em seu manifesto do partido comunista defende o trabalho infantil, mais insiste em que este trabalho (útil, de valor social) deve ser regulamentado cuidadosamente, de maneira que nada se pareça com a exploração infantil capitalista. O marxismo contribuiu para a educação com isso defendia a transformação da educação com um conjunto de idéias filosóficas, econômicas, políticas e sociais. Lênin atribuiu grande importância a educação no processo de transformação social. Como primeiro revolucionário a assumir o controle de um governo, pôde experimentar na prática a implantação das idéias socialista na educação. Acreditando que esta deveria desempenhar um importante papel na construção de uma nova sociedade, afirmava que mesma a educação burguesa que tanto criticava era melhor que a ignorância. O trabalho realizado revelou que Marx e Lênin contribuíram e lutaram para elaboração da educação, para eles deveria ser necessário mudar as condições sócias, a transformação educativa deveria ocorrer paralelamente à revolução social.  


Palavra Chave: Trabalho infantil, Educação, Marxismo e Sociedade



















Introdução


Marx com o pensamento na transformação educativa, para o desenvolvimento total do homem e a mudança das relações sociais deveria trabalhar e estudar. Lênin atribuiu grande importância á educação no processo de transformação social, a defesa de uma nova escola pública.
O objetivo da pesquisa dos teóricos Karl Marx e Lênin é buscar a historia, as teorias e unir os pensamentos, com conhecimento tão rigoroso e tão preciso quanto possível dos acontecimentos, procurando a verdade. Além de tudo conhecer e saber as informações que é importante para o e a educação dos tempos de hoje que levara a melhoria da sociedade.
A indicação o que foi feito, através do fluxograma, internet, debate em sala de aula e livros da biblioteca um dos qual é o livro de Moacir Gadotti que ajudor muito na pesquisa. Na internet foi prolongada por conter várias informações detalhadas. No debate em sala de aula também bem centralizado com a presença do professor e orientador Edson Martins indicando os livros adequados aos pensadores, e ensinado formações sobre a internet.
A estrutura do artigo vai apresentar da seguinte maneira com o Referencial Teórico trazendo como foi feito a pesquisa e as idéias de Marx e Lênin. A metodologia a origem da pesquisa como foi elaborada em seguida vem o Desenvolvimento bem completo na vida dos teóricos e depois concluímos o artigo e finalizamos a importância deles para educação de hoje.


























Referencial Teórico:

A Educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos homens.  O trabalho desenvolvido por Moacir Gadoti no seu livro “história das Idéias Pedagógicas” oferecem os elementos básicos para que compreendamos melhor nossa prática educativa e possamos transformá-la. Evidencia o fato de não podermos nos omitir diante dos problemas atuais. E mais: oferecem recursos para que os enfrentemos com rigor, lucidez e firmeza.
Este mostra uma síntese consistente dos pensadores da História da Educação e nos faz refletir sobre a importância destes para a humanidade. O estudo da teoria educacional nos convida à ação individual e coletiva. Além das leituras, instrumentos fundamentais para a aquisição de um vocabulário básico, a pergunta, a indagação, o diálogo, o debate e a discussão organizada constituem a base do ato de pensar.
Este trabalho de pesquisa é ambicioso, não podendo se esgotar apenas nele. Ela impôs escolhas e limitações. Assim, o texto ganha a perspectiva de um amplo roteiro, indicando caminhos, dando pistas, lançando provocações, solicitando aprofundamentos! Para cada período foram destacados pensadores ou escolas de pensamento significativas que tiveram então suas concepções pedagógicas e filosófico-educacionais apresentadas de maneira sintética e analisadas no âmbito de seu contexto histórico-cultural e de seu alcance teórico.
Esta pesquisa que resultou pela longa experiência de Moacir Gadoti com professor de história e de filosofia da educação teve início em 1971. As idéias foram apresentadas em ordem cronológica, histórica e demonstrou o quanto a evolução da educação está ligada á evolução da própria sociedade.
A finalidade do livro é ordenar e sistematizar a história das idéias pedagógicas, da Antiguidade, e mostrar as perspectivas para o futuro. Meu artigo teve como foco fundamental o Pensamento Pedagógico Socialista através das idéias dos pensadores Karl Marx filosofo e economista alemão, ideólogo do comunismo científico e organizador do movimento proletário internacional. Para Marx, a transformação educativa deveria ocorrer paralelamente á revolução social. Lênin estadista russo foi fundador do comunismo bolchevista, do partido comunista da URSS e do primeiro estado socialista do mundo. Líder da revolução de 1917, grande estudioso do marxismo, escreveu vários livros sobre o assunto. Lênin atribuiu grande importância á educação no processo de transformação social. Como primeiro revolucionário a assumir o controle de um governo, pôde experimentar na prática a implantação das idéias socialistas na educação.




Metodologia


 Primeiramente realizou-se uma busca detalhada em vários livros na biblioteca com leituras um dos mesmos foi o livro “História das Idéias Pedagógicas” do educador Moacir Gadotti. Na internet foi prolongada por conter várias informações de dados, debate em sala de aula trazendo o passado para o tempo de hoje, encontrando a importância da transformação da sociedade, a educação que estar em primeiro de tudo nesta mudança social, a história e o pensamentos de vários teóricos que é importante para o conhecimento da educação atual.


   
Desenvolvimento:
O pensamento de Karl Marx mudou radicalmente a história política da humanidade. Inspirada em suas idéias, metade da população do mundo empreendeu a revolução socialista, na intenção de coletivizar as riquezas e distribuir justiça social.
            Karl Heinrich Marx nasceu em Treves, na cidade situada hoje na Alemanha Ocidental, em 5 de maio de 1818. Primeiro dos meninos entre os nove filhos de uma família judaico-alemã, foi batizado numa igreja protestante, de que o pai, advogado bem-sucedido, se tornara membro, provavelmente para garantir respeitabilidade social. Depois de estudar em sua cidade, em 1835 Marx ingressou na Universidade de Bonn, onde participou da luta política estudantil.
            Na Universidade de Berlim, para a qual se transferiu em 1836, começou a estudar a filosofia de Hegel e juntou-se ao grupo dos jovens hegelianos.
Com uma posição política que se identificava cada vez mais com a esquerda republicana, Marx em 1841 apresentou sua tese de doutorado, em que analisava, na perspectiva hegeliana, as diferenças entre os sistemas filosóficos de Demócrito e de Epicuro. Passou a colaborar no jornal Rheinische Zeitung, de Colônia, cuja direção assumiu em 1842.                                                                       No ano seguinte, Marx casou-se, logo após, sua publicação foi fechada. O casal mudou-se para Paris, onde Marx entrou em contato com os socialistas. Em 1845, expulso da França pelo governo, estabeleceu-se em Bruxelas e iniciou a duradoura amizade e colaboração com Friedrich Engels.
Não se limitando aos estudos teóricos, Marx desenvolveu, durante toda a vida, intensa atividade política, elaborando a doutrina do socialismo.
A contribuição do marxismo para a educação tem de ser considerado em dois níveis: o do esclarecimento e da compreensão da totalidade social, de que a educação é parte, incluindo as relações de determinação é parte, incluindo as relações de determinação e influência que ela recebe da estrutura econômica, e o específico das discussões de temas e problemas educacionais. Nenhum pesador influenciou tão profundamente as ciências sociais contemporâneas com Marx.
Para Marx, a transformação educativa deveria ocorrer paralelamente à revolução social. Para o desenvolvimento total do homem e a mudança das relações sociais, a educação deveria acompanhar e acelerar esse movimento, mas não encarregar-se exclusivamente de desencadeá-lo, nem de fazê-lo triunfar.
Depois de participar do movimento revolucionário de 1848 na Alemanha, Marx regressou definitivamente a Londres, onde durante o resto da vida contou com a generosa ajuda econômica de Engels para manter a família.
 Em 1852 escreveu O 18 Brumário de Luís Bonaparte, em que analisa o golpe de estado de Napoleão III do ponto de vista do materialismo histórico. Sete anos depois, publicou Contribuição à crítica da economia política, seu primeiro tratado de teoria econômica, e em 1867 o primeiro volume de O capital, monumental análise do sistema socioeconômico capitalista, sua obra mais importante.
 Marx voltou à atividade política em 1864, quando participou da fundação da Associação Internacional de Trabalhadores. Como líder e principal inspirador dessa Primeira Internacional, sua presença se reafirmou em 1871, por ocasião da segunda Comuna de Paris, movimento revolucionário de que a associação participou ativamente e em que pereceram mais de vinte mil revoltosos.
             Karl Marx morreu em 14 de março de 1883, em Londres, deixando muitos seguidores de suas idéias. Lênin foi um deles e na União Soviética, utilizou as idéias marxistas para sustentar o comunismo, que, sob, sua liderança, foi renomeado para marxismo – Leninismo. Contudo, alguns marxistas discordavam de certos caminhos escolhidos pelo líder russo. Até hoje, as idéias marxismo continuam a influenciar muitos historiadores e cientista sociais que, independente de aceitarem ou não as teorias do pensador alemão, concordam com a idéia de que para se compreender uma sociedade deve-se entender primeiramente sua forma de produção.

Suas principais obras são:
  • Título original: Ökonomisch-philosophischen Manuskripte
  • Ano: 1844
  • Título original: Kritik des Hegelschen Staatsrech
  • Ano: 1843
  • Título original: Die Heilige Famile
  • Ano: 1845
  • Título original: Die deutsche Ideologie
  • Ano: 1845-1846

  • Título original: Lohnarbeit und Kapital
  • Ano: 1849
  • Título original: Misère de la philosophie: réponse à la philosophie de la misère de Proudhon
  • Ano: 1847
  • Título original: The Civil War in France
  • Ano: 1871
  • Título original: Manifest der Kommunistischen Partei
  • Ano: 1848

Lênin:
Lênin foi um revolucionário russo e um dos principais personagens da Revolução Russa de 1917. Como líder do Partido Comunista, sua ideologia influenciou pessoas em todo o mundo. Grande estudioso do marxismo, escreveu vários livros sobre o assunto.Lênin atribuiu grande importância á educação no processo de transformação social. Como primeiro revolucionário a assumir o controle de um governo, pôde experimentar na prática a implantação das idéias socialista na educação. Acreditando que esta deveria desempenhar um importante papel na construção de uma nova sociedade, afirmava que mesmo a educação burguesa que tanto criticava era melhor que a ignorância. A educação pública deveria ser eminentemente política. “nosso trabalho no terreno do ensino é a mesma luta para derrotar a burguesia; declaramos publicamente que a escola à margem da vida, à margem da política, é falsidade e hipocrisia”.  
Vladimir Ilich Lênin nasceu em Simbirsk, na Rússia, no dia 22 de abril de 1970. Entre os seis filhos da família, o jovem se tornou conhecido como Lênin. Desde adolescente teve contato com ideologias políticas, especialmente por causa da influência de seu irmão Alexandre Uilánov. Este, aos 21 anos fazia parte de um grupo de estudantes niilistas em São Petersburgo. O irmão de Lênin integrou um grupo de extrema esquerda chamado Pervomartovtsi, o qual foi responsável pela tentativa de assassinato do czar Alexandre III. Uilánov foi preso juntamente com o restante do grupo, sendo condenado à morte em 1887, quando Lênin tinha apenas 17 anos. O ocorrido deixou Lênin muito impressionado e convencido de que o anarquismo não oferecia a melhor alternativa para se derrubar o czarismo na Rússia.
No mesmo ano da morte do irmão, Lênin começou a alterar o destino de sua vida. Em 1887 mudou-se para Kazan, onde foi cursar a faculdade de Direito. No decorrer dos estudos que o jovem Lênin teve contato com as ideologias que realmente marcariam suas ações futuras. E, principalmente, tornou-se um marxista. Após se formar, Lênin dedicou-se ao estudo dos problemas econômicos da Rússia, tendo como base orientadora os escritos de Marx e Engels.
            Lênin consolidou sua ideologia, acreditando e seguindo o marxismo, e passou a combater os populistas. Seu retorno definitivo e triunfal para Rússia ainda demoraria muito tempo para acontecer. Depois de formado, passou um tempo na Suíça, em 1895, onde fez contato com exilados russos, dentre os quais estava Plekanov. Quando voltou para Rússia, com a intenção de dar vida ao Partido Social Democrata Russo, acabou sendo preso e exilado na Sibéria, local onde permaneceu por três longos anos.
 Nesta ocasião, o partido de Lênin entrou em desacordo sobre as posturas que deveriam ser tomadas no movimento revolucionário e acabou se sucedendo um racha. A corrente interna que contava com a participação de Lênin ficou caracterizada por acreditar que as mudanças na Rússia deveriam acontecer através da ação revolucionária, dando origem ao Partido Bolchevique, de cunho mais radical. Já a oposição acreditava que o processo deveria ser mais moderado e contando com a atuação da burguesia, o que deu origem ao Partido Menchevique.
Alguns anos mais tarde, em 1917, a inconformidade com o czarismo se acentuou na Rússia e o processo revolucionário tomou rumos mais organizados para efetivação. Em fevereiro do mesmo ano, o Partido Menchevique começou a implementar medidas que causariam a mudança da tradicional estrutura do país. Entretanto, o grupo mais radical não estava satisfeito com alterações, queria mais radicalização e impactantes mudanças na Rússia. Essa era a postura do Partido Bolchevique, liderado por Lênin. Em outubro de 1917, os bolcheviques assumiram o controle da revolução e o poder russo. Lênin foi eleito presidente do Conselho dos Comissários do Povo, combateu com voracidade os adversários do povo. Em meio ao processo revolucionário, o czar Nicolau II foi punido com a morte.
Em alguns momentos, Lênin utilizou de mecanismos da economia de mercado, mas era ação integrante de sua política comunista na Rússia que influenciou o restante do mundo, mesmo que fosse necessário “recuar um passo para avançar dois”, como costumava dizer. Lênin participou da fundação da União Soviética e criou uma corrente teórica chamada leninismo que influenciou partidos comunistas em todos os lugares.
No mesmo ano da criação da União Soviética, 1922, Lênin contraiu uma doença que o levaria à morte em 21 de janeiro de 1924. Seu corpo foi embalsamado e permanece até hoje exposto em seu mausoléu na Praça Vermelha, em Moscou.


Conclusão
            Este trabalho traz a pesquisa do pensamento pedagógico socialista através de dois teóricos no qual são Marx e Lênin que lutaram para a transformação educativa. Marx consagrou na ciência pedagógica a idéia de ser o trabalho produtivo o elemento determinante e fundamental de todo o processo educativo. O trabalho é apresentado por Marx historicamente determinado e ligado à educação, da qual não pode se separar e vice-versa. Lênin com a defesa de uma nova escola pública, mostrado que a escola deve mostrar a base do conhecimento, a capacidade, deve fazer da humanidade culta, com o comunismo, organizamos e unimos toda a juventude. E então podereis começar e levar até ao fim a construção de uma sociedade comunista. Assim a pesquisa termina com uma lição compreendida que a educação é importante na construção de uma sociedade. um educação boa uma ótima pessoa.

















Referências Bibliografia:
GADOTTImoacir.História das ideias pedagógicas.Editora ática,São Paulo,2000.
http://www.brasilescola.com/biografia/karl-marx.htm
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070914114652AAOvWro
http://pensador.uol.com.br/principais_ideias_de_karl_marx/
http://www.suapesquisa.com/biografias/lenin.htm
http://drb-assessoria.com.br/historia_ideias_pedagogicas.pdf
http://www.faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/264JosieParrilhaSilva_e_MariaGomesMachado.pdf
www.slideshare.net/guest1a17a4/histria-das-idias-pedaggicas
http://www.brasilescola.com/historiag/socialismo.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx
www.suapesquisa.com/biografias/marx/

domingo, 4 de dezembro de 2011

Trabalho Avaliativo de Pesquisa sobre a História da Educação


História da Educação

 

 

O RENASCIMENTO

Objetivo:

Esta lição tem como objetivo mostra onde, como e porque o renascimento surgiu. Como ele afetou a maneira de viver da sociedade da época e quais foram seus benefícios para as gerações atuais.

O RENASCIMENTO

MUDANÇAS NA SOCIEDADE

O período da mudança do feudalismo para o capitalismo causou várias modificações também nas artes, no pensamento e no conhecimento científico. Visto que as transformações começadas na  Baixa Idade Média estimularam a Revolução Comercial na idade moderna. Essas mudanças eram influenciadas pela expansão comercial, reforma religiosa e ao absolutismo político. Abrangeram os séculos XIV até XVI, chamado assim de  renascimento cultural.

Esse movimento de origem burguesa destacava uma cultura laica, ou seja , sem a interferência da igreja. Já que para ela, sentimentos como alegria, prazer, riso eram ligados a coisas inferiores. As tentativas de explorar a ciência era considerado heresia. O renascimento abriu uma porta para o conhecimento e os estudos. Devido a preocupação maior dos renascentistas ser a vida humana, este movimento também foi chamado de Humanismo.

História Geral - O Renascimento 
O Renascimento foi uma nova visão de mundo estimulada pela burguesia em ascensão. Suas principais características eram o racionalismo (em oposição à fé), o antropocentrismo (em oposição ao teocentrismo) e o individualismo (em oposição ao coletivismo cristão).
O Humanismo foi um movimento intelectual que pregava a pesquisa, a crítica e a observação, em oposição ao princípio da autoridade.
O Renascimento e o Humanismo nasceram na Itália, em função da riqueza das cidades italianas, da presença de sábios bizantinos, da herança clássica da Antiga Roma e da difusão do mecenato. A invenção da Imprensa contribuiu muito para a divulgação de novas idéias.
Principais figuras do Renascimento
        I. Itália -- Dante Alighieri, Francesco Petrarca, Giovanni Boccaccio, Nicolau Maquiavel, Leonardo da Vinci, Rafael Sanzio, Michelangelo Buonarroti.
         II. França -- François Rabelais, Michael de Montaigne.
         III. Inglaterra -- Thomas Morus, William Shakespeare.
         IV. Holanda -- Erasmo de Rotterdam, Jan Van Eyck, Pieter Bruegel, Rembrandt.
         V. Alemanha -- Albrecht Dürer, Hans Holbein.
         VI. Portugal -- Luís Vaz de Camões.
         VII. Espanha -- Miguel de Cervantes.
A pesquisa científica evoluiu muito no período graças, entre outros, a figuras como: Leonardo da Vinci, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johannes Kepler, André Vesálio, Miguel de Servet e William Harvey.

FILOSOFIA HUMANISTA - RENASCIMENTO CIENTÍFICO E CULTURAL 
Os estudos humanísticos tornavam indispensável à aprendizagem do grego e do latim para uma leitura direta dos textos dos autores da Antiguidade greco-romana, sem a interferência da teologia cristã, dominante durante a Idade Média, Os humanistas procuraram reinterpretar os Evangelhos à luz dos valores da Antiguidade, que exaltavam o homem como ser dotado de liberdade, de vontade e de capacidade individual.
A filosofia humanista deu origem a um homem de mentalidade renovada que tinha como principais virtudes à coragem, a eficiência, a inteligência e o talento para acumular riquezas elementos esses inteira mente de acordo com a ordem econômica introduzida pela burguesia, Esse "novo indivíduo'', liberto das tradições feudais, era capaz de expandir livremente a sua energia criadora e de procurar explicações racionais sobre o universo que o cercava, graças as suas qualidades pessoais e intransferíveis".
0 Humanismo combateu a ordem e a hierarquia do mundo medieval, no qual, o papel do homem era sempre determinado pelo nascimento e pela Igreja. Sua perspectiva antropocêntrica trouxe o interesse pela investigação da natureza e o culto à razão e à beleza característicos da cultura greco-romana, criando ás bases dá Renascimento artístico e científico dos séculos XV e XVI.

Renascimento Cultural 

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   Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença. As características principais deste período são as seguintes :
- Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da época renascentista, os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ao contrário dos homens medievais;
- As qualidades mais valorizadas no ser humano passaram a ser a inteligência, o conhecimento e o dom artístico;
- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus ( teocentrismo ), nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo).
- A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade. O homem renascentista, principalmente os cientistas, passam a utilizar métodos experimentais e de observação da natureza e universo.
    Durante os séculos XIV e XV, as cidades italianas como, por exemplo, Gênova, Veneza e Florença, passaram a acumular grandes riquezas provenientes do comércio. Estes ricos comerciantes começaram a investir nas artes, aumentando assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por isso, a Itália é conhecida como o berço do Renascentismo.  Porém, este movimento cultural não se limitou à Península Itálica. Espalhou-se para outros países europeus como, por exemplo, Inglaterra, Espanha, Portugal, França e Países Baixos.
Principais representantes do Renascimento Italiano e suas principais obras: 
- Michelângelo Buonarroti (1475-1564)- destacou-se em arquitetura, pintura e escultura.Obras principais: Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Capela Sistina. 
- Rafael Sanzio (1483-1520) - pintou várias madonas (representações da Virgem Maria com o menino Jesus). 
- Leonardo da Vinci (1452-1519)- pintor, escultor, cientista, engenheiro, físico, escritor, etc. Obras principais :Mona Lisa, Última Ceia.
     Na área científica podemos mencionar a importância dos estudos de astronomia do polonês Nicolau Copérnico. Este defendeu a revolucionária idéia do heliocentrismo (teoria que defendia que o Sol estava no centro do sistema solar).Copérnico também estudou os movimentos das estrelas.
     Nesta mesma área, o italiano Galileu Galilei desenvolveu instrumentos ópticos, além de construir telescópios para aprimorar o estudo celeste. Este cientista também defendeu a idéia de que a Terra girava em torno do Sol. Este motivo fez com que Galilei fosse perseguido, preso e condenado pela Inquisição da Igreja Católica, que considerava esta idéia como sendo uma heresia. Galileu teve que desmentir suas idéias para fugir da fogueira.

HUMANISMO

O humanismo era a valorização de matérias que envolviam a vida humana, como matemática, línguas,história e filosofia laica. Procurava nas pessoas suas belezas, seus aspectos positivos, ou seja aspectos mais ligados ao pensamento burguês do que ao da igreja.

O humanismo , ou seja , o homem sendo o centro das atenções, do universo, daí o termo Antropocentrismo.

A paixão pelos clássicos gregos volta a surgir. Um detalhe importante, o fato de ser estar valorizando qualidades humanas não quer dizer que o homem renascentista tenha se tornado ateu. Ao contrário, ele manteve a idéia de que o criador de todas as coisas foi Deus. Ele simplesmente mudou a maneira de pensar sobre estas criações. A terra passa a ser um lugar de maravilhas e não mais de sofrimento, como no pensamento medieval.
Contexto Histórico

As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do século XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas. Com isso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc.
Os  governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como mecenato, tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se tornassem mais populares entre as populações das regiões onde atuavam. Neste período, era muito comum as famílias nobres encomendarem  pinturas (retratos) e esculturas junto aos artistas.
  Foi na Península Itálica que o comércio mais se desenvolveu neste período, dando origem a uma grande quantidade de locais de produção artística. Cidades como, por exemplo, Veneza, Florença e Gênova tiveram um expressivo movimento artístico e intelectual. Por este motivo, a Itália passou a ser conhecida como o berço do Renascimento.

Exemplo e exemplaridade em Erasmo de Rotterdam


Os séculos renascentistas que abrigaram tanto Erasmo de Rotterdam, quanto
Michel de Montaigne compreendem uma época marcada por uma intensa atividade
literária, que permeia tanto a prática da escrita, como as discussões propriamente
teóricas sobre o assunto. Erasmo de Rotterdam é um dos autores que melhor
representam esta característica do Renascimento, pois além dele ter se dedicado
incansavelmente à prática da escrita – seja ela política, filosófica, religiosa ou
pedagógica – ele também se ocupou de maneira ampla a tratar de questões sobre
retórica.
Inspirado no décimo livro da Institutio Oratoria de Quintiliano, o De duplici
copia verborum ac rerumvi de Erasmo consiste numa espécie de manual, onde são
apresentados meios para se alcançar a chamada copia (abundância), no que diz
respeito à relação entre matéria e palavra. Trata-se portanto de um livro que pretendia
auxiliar principalmente os novatos na obtenção de maestria quanto à eloqüência.

Segundo o próprio Erasmo, não faz parte de sua intenção prescrever a maneira pela
qual se deve falar e escrever, mas apenas apontar caminhos que podem ser
percorridos por aquele que deseja evitar a eloqüência fútil e amorfa, composta de uma
multidão de idéias e palavras vazias, reunidas de maneira indiscriminada. A boa
eloqüência não pode, segundo ele, ser medida pela quantidade de palavras, ou seja,
nem pela extensão do discurso, que pode se tornar excessivamente ornamentado e
tedioso, nem pela brevidade, cujo laconismo corre o risco de deixar importantes
aspectos da discussão de lado. É antes a adequação entre a palavra e aquilo que deve
ser dito que assume o papel central na discussão retórica erasmiana.
Os dois tópicos fundamentais apresentados por Erasmo em sua discussão
acerca de como obter o domínio discursivo são o acúmulo e o princípio da varietas. A
copia poderia, assim, ser medida pela capacidade do autor em tratar e apresentar da
maneira mais variada possível um mesmo assunto e para isto ele precisa ter à sua
disposição uma variedade de argumentos e exemplos a que ele possa recorrer. Cícero
– segundo Erasmo, o pai de toda eloqüência - é aqui evocado como o exemplo dos
que mais amplamente puseram em prática o princípio da variedade. O exercício
recomendado por Erasmo, de exploração de um tema a partir dos mais diversos
ângulos, que possibilitaria o escrutínio de todas as possíveis minúcias envolvidas na
questão, constituía uma prática que se tornaria habitual no Renascimento. Trata-se da
argumentação in utramque partem, também posta em prática por Montaigne em seus
Ensaios, onde um mesma tema é explorado a partir de perspectivas opostas.
A discussão sobre o exemplo surge na obra de Erasmo neste contexto mais
amplo de discussão retórica, na medida em que aparece como uma parte fundamental
do processo de acúmulo a que deve aspirar o escritor que deseja aprofundar a sua
habilidade discursiva, pois ter uma gama de exemplos considerável certamente o
auxiliaria a praticar o princípio de varietas. A discussão específica sobre o uso de
exemplos é indissociável da dimensão temporal e, neste sentido, da teoria mais ampla
de Erasmo sobre a “imitação”, uma vez que a escrita é pelo autor percebida como
uma atividade dependente da história literária, particularmente do que foi produzido
na Antigüidade clássica. Ao associar a prática da escrita a um programa exaustivo de
leitura, o De copia constitui um episódio central na história da teoria imitativa. Neste
sentido, um texto é sempre visto como um prolongamento de um outro, ou de outros
que lhe são anteriores. O autor, por sua vez, é consciente desta dívida e de sua
incapacidade para escapar totalmente dos constrangimentos impostos por toda a
leitura que ele efetuou. Mas, ainda que inspirado na história filosófico-literária, o
escritor deve, segundo Erasmo, assegurar a sua independência, a partir da
multiplicação e fragmentação daqueles que lhe servem de modelo. É, pois, somente
desta maneira que o escritor evitaria a sua própria limitação ao prestígio de um só
autor.
O diálogo intitulado Ciceronuanusvii (Ciceroniano) - também chamado de “da
melhor eloqüência” –, datado de 1528, se insere exatamente neste debate teórico
apresentado em Da Copia, servindo-lhe inclusive de exemplo. A questão teórica
fundamental colocada por Erasmo no manual sobre retórica, sobretudo a relação
ambígua que o escritor deve manter com o passado, recebe, a partir das personagens
evocadas pelo autor, um tratamento mais concreto. A disputa retórica é travada entre
Nosoponus (que é apresentado como o ciceroniano) e Bulephorus, que representaria o
ponto de vista de Erasmo. Nosoponus surge neste diálogo como um homem doente,
um maníaco da eloqüência ciceorinana, que há sete anos se recusa a ler qualquer coisa
que não seja de autoria do filósofo romano. Bulephorus, por sua vez, aparece como o
sensato, que faz de tudo para mostrar a seu interlocutor, que a boa imitação exclui o
culto idolátrico de um único autor.
Ainda que a eloqüência de Cícero seja de fato admirável, é preciso manter a
ressalva de que ela era adequada ao tratamento de questões específicas e típicas de
sua época. O mundo de Erasmo já não era mais o mundo de Roma, dos Césares, do
senado, dos centuriões e do Capitólio. Bulephorus (ou Erasmo) diz enxergar ao seu
redor um mundo distinto, cuja realidade faz com que um discurso bom e prudente seja
necessariamente distante do exemplo ciceroniano. Diante de um novo contexto,
marcado pela presença de outras problemáticas, seria preciso, assim, adaptar tal
inspiração. Torna-se necessário re-criar, numa linguagem apropriada para a nova
audiência, o sentido do texto original. Seguindo uma lição originalmente de
Quintiliano, Erasmo diz ser preciso adaptar o estilo ao tema tratado, às circunstâncias
e ao temperamento próprio de cada escritor.
É desta convicção que nasce a recomendação de apropriar e naturalizar o
discurso alheio. Tanto no diálogo citado como no manual sobre retórica, Erasmo
desenvolve essa idéia e recorre à metáfora das abelhas, que também seria usada por
Montaigne no mesmo sentido. Como as abelhas que se alimentam do pólen de várias
flores e produzem o seu próprio mel, o escritor deve alimentar-se da história
filosófico-literária, sem deixar de produzir o seu próprio pensamento, construindo um
discurso autêntico. Assim, se o escritor quer alcançar a copia (no sentido de domínio
da eloqüência) a sua imitação não deve aparecer como mera cópia.
A inspiração, a imitação de modelos e figuras exemplares e o recurso a
exemplos são valorizados por Erasmo como um meio de se desenvolver a capacidade
retórica e de se tornar o pensamento mais consistente. Neste sentido, a exemplaridade
de ensinamentos alheios, sobretudo antigos, e a exemplaridade de figuras históricas
(ou mesmo fictícias) não têm o seu valor questionado, na medida em que servem para
a formação intelectual do indivíduo. No entanto, uma vez que os exemplos devem,
acima de tudo, ser plurais e provir de fontes filosóficas, literárias e históricas das mais
diversas, eles terminam por servir de contrapeso uns aos outros. A conseqüência desta
perspectiva essencialmente plural é que a exemplaridade, por exemplo, de Cícero
como modelo retórico a ser imitado, acaba sendo diminuída pela presença e influência
de outros autores, como Quintiliano. O único exemplo de fato universal e superior não
raro evocado por Erasmo, que estaria por cima de todos os outros e serviria como
padrão a partir do qual poder-se-ia julgar os demais, é Cristo. Esta figura exemplar, a
partir da qual as outras figuras podem ser avaliadas como boas ou más, serve de
fundamento para todo o pensamento medieval ocidental e é mantida por Erasmo. A
figura de Cristo permanece, no entanto, num nível superior e ideal tão distante de
todos os demais exemplos, que é praticamente incomparável.

Michel de Montaigne e a atitude anti-mimética



A mesma relação ambígua com o passado histórico e literário faz-se presente
nos Ensaios de Montaigne, pois ao mesmo tempo em que este autor se inspirava na
herança deixada pelos antigos, ele também aprendeu a duvidar da autoridade
tradicional que os antigos ensinamentos e modelos poderiam exercer em um mundo
cada vez mais confrontado com uma inesgotável diversidade. Este embate, entre
antigas e novas maneiras de explicação do mundo, diante do qual Montaigne
permanece impassível, sem tomar partido por nem uma, nem outra, permeia toda a
sua obra. A questão sobre exemplos e a exemplaridade destes não merece aqui uma
discussão teórica explícita como no caso de Erasmo. No entanto, a partir de uma
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leitura atenta dos Ensaios pode-se notar um uso particular de exemplos e citações,
além de uma relação com o tema da exemplaridade, que mantêm uma íntima ligação
com a sua visão de mundo.
Vale relembrar que a validade do exemplum depende da pressuposição de que,
ao longo do tempo, há mais analogia na experiência humana, do que diversidade.viii
Ou seja, o uso de exemplos encontra a sua validade na crença de que a história
humana é mais marcada pela repetição, do que pela singularidade. O questionamento
da exemplaridade atingiria, neste sentido, o ápice em Montaigne, pois é este o
pensador que mais seriamente põe em dúvida esta pressuposição. Montaigne foi de
fato um dos pensadores renascentistas mais sensíveis para a percepção da variedade
que, segundo ele, é a qualidade fundamental e mais universal da existência humana.
Enquanto as disputas religiosas iniciadas pela Reforma expunham a existência
de interpretações distintas no seio da própria religião cristã, as navegações e
sobretudo o encontro com os povos indígenas do novo Mundoix reforçavam ainda
mais a constatação da diversidade ética e cultural. Além disso, a ampliação do número
de traduções de textos antigos e a difusão do livro impresso abriram novas dimensões
de escrita e leitura, que revelariam do encontro entre as tradições filosófico-literárias e
as novas problemáticas as mais distintas visões de mundo. O mundo percebido por
Montaigne é, em suma, um mundo de pluralidade, onde perspectivas distintas de
alguma maneira coexistem. A experiência da pluralidade não é só reconhecida por
Montaigne, como torna-se o próprio centro dos Ensaios, na medida em que estes
tinham como fim último o registro das variadas e por vezes contraditórias
elucubrações de seu autor.
A despeito do questionamento que Montaigne faz do caráter exemplar de
modelos, uma vez que desconfiava da pertinência destes quando deslocados para um
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novo contexto que não o original, a presença de exemplos e citações é evidente em
seus Ensaios. No entanto, longe de lhe servirem como prova de uma argumentação,
ou de uma tese que se pretenderia definitiva, eles são evocados a fim de ilustrar os
diversos pontos de vista que ele apresenta. No primeiro ensaio de todos (Por diversos
meios chega-se ao mesmo fim), aquele que tem como tema a inconstância humana,
Montaigne discute sobre qual seria a maneira mais adequada de enternecer o coração
daquele que nos mantêm à sua mercê. Lançando mão de exemplos distintos e de
variadas figuras históricas, ele argumenta ora a favor da submissão, ora a favor da
bravura. Os exemplos servem, assim, simplesmente como meio de ilustração da
argumentação e em última instância não há como decidir qual das atitudes seria a
mais exemplar.
A narrativa de histórias paradigmáticas e o uso de exemplos é tão vasto e
plural, que não há a possibilidade de extrair deles posições unívocas, ou ensinamentos
definitivos. Ao representar uma variedade inefável de pontos de vista, o exemplum
torna-se, em Montaigne, figura da pluralidade. Tal aspecto do uso de exemplos por
parte deste autor é ainda reforçado pelo fato dele nem sempre comentar os exemplos a
que recorre. Isto indica a ausência de uma valoração prévia que lhes seria atribuída e a
disposição de espaço para que o leitor os interprete como bem entender. É neste
sentido que ele diz que, quem quiser esmiuçar as suas histórias, poderá tirar delas
infinitos Ensaios.x
A constatação da variedade é acompanhada particularmente em Montaigne por
uma postura ética e intelectual profundamente tolerante, já que frente a essa
multiplicidade não haveria como identificar princípios ou doutrinas que sejam mais
verdadeiras, ou seja, que desfrutem de uma superioridade ontológica. Afinal, diante
da inesgotável inconstância e imprevisibilidade da ação humana, como seria possível
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escolher um modelo adequado a partir do qual se deve pautar a ação ou o
comportamento humano?
Enfim, a variedade enfraquece o exemplum e dilui a sua autoridade. E na
medida em que a exemplaridade do exemplum é continuamente posta em questão, as
referências a figuras ou eventos históricos notáveis começam a perder um pouco de
espaço. De acordo com Patrick Henry, o questionamento da exemplaridade
constituiria mais um elemento que teria estimulado, de modo geral, uma atitude antimimética,
mais atenta às experiências individuais, do que em fornecer modelos transhistóricos
e universais que dessem conta da extensa totalidade da vida.xi A autoridade
começa a ser substituída pela experiência do homem ordinário, que é tão complexa a
ponto de não ser passível de redução a exemplos únicos. Diante deste cenário, as
próprias experiências assumem um papel central nas investigações montaigneanas.
Ainda que a perscrutação de si mesmo mantenha o olhar para o exterior, Montaigne
percebe em si mesmo tanto ou mais matéria para reflexão. O movimento em direção a
um pensamento mais pessoal pode ser atestado pela análise do lugar que as citações
ocupam no texto de Montaigne. Enquanto no primeiro livro dos Ensaios as citações,
em geral, se encontram no início do capítulo e servem como centelha para toda a
reflexão que lhes segue, no terceiro livro e nas revisões que vão sendo feitas, elas se
encontram ao longo do texto e servem mais para ilustrar uma opinião sua, que para
suscitar discussões.
É bem verdade que Sócrates aparece inúmeras vezes nos Ensaios como um
dos poucos modelos realmente dignos de admiração por parte de Montaigne. Mas,
dizer que Sócrates é o maior exemplo de como a vida pode ser levada com
simplicidade e sabedoria, não significa dizer que ele é um modelo a ser seguido.xii Isto
porque a grande máxima de Sócrates, retomada por Montaigne, ou seja, “conhece-te a
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ti mesmo” é, por si só, anti-mimética. “Eu que me instruo mais por oposição do que
pelo exemplo, mais por evitar do que por acompanhar.”xiii
Faz também parte dessa ampla atitude anti-mimética a recomendação
pedagógica de Montaigne presente em Da Educação das Crianças, segundo a qual
seria fundamental para a formação do indivíduo o exercício da própria faculdade do
julgamento, em detrimento da pura repetição de argumentos de autoridades. Seguindo
a mesma recomendação de Erasmo, Montaigne diz ser preciso digerir as máximas
alheias e não apenas regurgitar o que foi lido. “O estômago não realizou sua operação,
se não fez mudar a característica e a forma do que lhe deram para digerir.”xiv Ao
“digerir” o pensamento de outrem, ele toma outra forma, deixa de ser estranho,
tornando-se, assim, reflexão pessoal.
Conforme com esta perspectiva, Montaigne recusa-se enfaticamente a servir
de modelo. Ainda que o seu percurso possa servir de exemplo, ao menos segundo o
sentido que o termo assume no Renascimento, é difícil pensar que o autor se avalie
como exemplar. A recusa em servir de modelo é, ao contrário, normalmente
acompanhada pelo discurso auto-depreciativo e irônico: “Enfim, toda essa miscelânea
que vou gratujando aqui não é mais que um registro dos ensaios de minha vida, que,
para a saúde interior, é bastante exemplar desde que se tome a contrapelo a
instrução.”xv
Como a verdade é circunstanciada, e como não há valores que sejam
universalmente válidos, a adoção de um discurso normativo, marcado pelo tom
professoral, não faz sentido em Montaigne. A sua experiência, o retrato que ele pinta
é único e não deve ser imitado. Cada um deve experimentar por conta própria,
exercitar a sua própria faculdade de julgamento e desenvolver a sua autenticidade. Os
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Ensaios podem no máximo servir de inspiração, ou ilustração da única recomendação
que vale a pena: conhecer-se a si mesmo.

http://ww.Juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/historia
http://Revistaexagium.com.br/edicoes 
http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/DescobriBarroco/Renascimento_Introducao.htm